A tranquilidade da mente, no estágio inicial da concentração, deriva da simples prática da própria perspicácia. Quando, porém, essa calma cessa, sofremos porque nos apegamos a ela. Chegar à tranquilidade, de acordo com Buda, não significa ter chegado ao fim. Ainda existe sofrimento e transformação.
Sendo assim, Buda partiu dessa concentração, dessa tranquilidade, e olhou mais longe. Ele buscou a verdade das coisas até não se sentir mais apegado à serenidade, que não passa de outra realidade relativa, uma das muitas formações mentais, apenas uma etapa do caminho. Se você estiver apegado a ela, ainda estará apegada ao nascimento e à transformação baseado a seu bel prazer na tranquilidade. Quando ela se extinguir, começará a agitação e você se apegará mais ainda.
Buda prosseguiu na sua investigação, estudando o nascimento e a transformação para ver de onde procediam. Como ainda não conhecesse a verdade das coisas, empregou a mente para ver além, para analisar todos os elementos mentais que surgissem. Tranquilo ou não, ele continuou a inquirir, a ir ao fundo da questão, até que compreendeu, finalmente, que tudo o que viu, todos os cinco agregados do corpo e da mente são como uma barra de ferro incandescente. Quando esta barra está totalmente em brasa, onde encontrar um ponto frio para tocá-la? O mesmo é válido para os cinco agregados: tocar qualquer uma de suas partes causa dor. Portanto, você não deve se apegar nem à tranquilidade nem à concentração; não deve dizer que a calma ou a paz sejam você, lhe pertençam. Fazê-lo serve apenas para criar a dolorosa ilusão do Ego, um universo do apego e de desilusão - outra barra de ferro incandescente.
Na prática, a tendência é se agarrar, de considerar a experiência como eu, como minha. Se você pensa: "Estou calmo, estou excitado, sou bom, sou mau, sou feliz, infeliz", essa tendência a apegar-se ocasiona mais transformações e nascimentos. Quando cessa a felicidade, nasce a dor; quando cessa a dor, nasce a felicidade. Você se verá, incessantemente, vacilar entre o céu e o inferno. Buda viu que era essa a situação da sua mente e soube, devido a esse renascimento e a essa transformação, que a sua libertação ainda não havia se completado. Ele então reuniu esses elementos e contemplou a sua verdadeira natureza. Devido ao apego, existe nascimento e morte. Estar contente é nascer; estar triste é morrer. Tendo morrido, renascemos; tendo nascido, morremos. Este ciclo de nascimento e morte equivale ao incessante girar de uma roda.
Buda viu que não importa o que a mente cria: tudo não passa de fenômenos transitórios, condicionados, realmente vazios. Quando isso se tornou claro, deixou as coisas passarem, renunciou e pôs termo ao sofrimento. Você também precisa entender essas coisas, de acordo com a verdade. Quando conhecer as coisas como elas são, verá que esses elementos mentais não passam de uma impostura e se aterá aos ensinamentos de Buda de que essa mente nada possui, não tem origem, não nasce e não morre com ninguém. É livre, luminosa, resplandecente e inteiramente despreocupada. A mente se deixa invadir somente porque entende mal e se ilude com esses fenômenos condicionados, com esse falso senso de eu.
fonte: "Uma Tranquila Lagoa na Floresta - Meditações de Achaan Chah", organizado por Jack Kornfield e Paul Breiter, Ed. Pensamento, 1994.
Sendo assim, Buda partiu dessa concentração, dessa tranquilidade, e olhou mais longe. Ele buscou a verdade das coisas até não se sentir mais apegado à serenidade, que não passa de outra realidade relativa, uma das muitas formações mentais, apenas uma etapa do caminho. Se você estiver apegado a ela, ainda estará apegada ao nascimento e à transformação baseado a seu bel prazer na tranquilidade. Quando ela se extinguir, começará a agitação e você se apegará mais ainda.
Buda prosseguiu na sua investigação, estudando o nascimento e a transformação para ver de onde procediam. Como ainda não conhecesse a verdade das coisas, empregou a mente para ver além, para analisar todos os elementos mentais que surgissem. Tranquilo ou não, ele continuou a inquirir, a ir ao fundo da questão, até que compreendeu, finalmente, que tudo o que viu, todos os cinco agregados do corpo e da mente são como uma barra de ferro incandescente. Quando esta barra está totalmente em brasa, onde encontrar um ponto frio para tocá-la? O mesmo é válido para os cinco agregados: tocar qualquer uma de suas partes causa dor. Portanto, você não deve se apegar nem à tranquilidade nem à concentração; não deve dizer que a calma ou a paz sejam você, lhe pertençam. Fazê-lo serve apenas para criar a dolorosa ilusão do Ego, um universo do apego e de desilusão - outra barra de ferro incandescente.
Na prática, a tendência é se agarrar, de considerar a experiência como eu, como minha. Se você pensa: "Estou calmo, estou excitado, sou bom, sou mau, sou feliz, infeliz", essa tendência a apegar-se ocasiona mais transformações e nascimentos. Quando cessa a felicidade, nasce a dor; quando cessa a dor, nasce a felicidade. Você se verá, incessantemente, vacilar entre o céu e o inferno. Buda viu que era essa a situação da sua mente e soube, devido a esse renascimento e a essa transformação, que a sua libertação ainda não havia se completado. Ele então reuniu esses elementos e contemplou a sua verdadeira natureza. Devido ao apego, existe nascimento e morte. Estar contente é nascer; estar triste é morrer. Tendo morrido, renascemos; tendo nascido, morremos. Este ciclo de nascimento e morte equivale ao incessante girar de uma roda.
Buda viu que não importa o que a mente cria: tudo não passa de fenômenos transitórios, condicionados, realmente vazios. Quando isso se tornou claro, deixou as coisas passarem, renunciou e pôs termo ao sofrimento. Você também precisa entender essas coisas, de acordo com a verdade. Quando conhecer as coisas como elas são, verá que esses elementos mentais não passam de uma impostura e se aterá aos ensinamentos de Buda de que essa mente nada possui, não tem origem, não nasce e não morre com ninguém. É livre, luminosa, resplandecente e inteiramente despreocupada. A mente se deixa invadir somente porque entende mal e se ilude com esses fenômenos condicionados, com esse falso senso de eu.
fonte: "Uma Tranquila Lagoa na Floresta - Meditações de Achaan Chah", organizado por Jack Kornfield e Paul Breiter, Ed. Pensamento, 1994.
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