14 de abril de 2019

Thich Nhat Hahn - Por ser vazia, a forma é possível

Pelo fato da forma ser vazia, a forma se torna possível. Na forma nós encontramos tudo o mais - sentimentos, percepções, formações mentais, e consciência. "Vacuidade" significa destituído de um 'self' separado. A vacuidade é cheia de todas as coisas, repleta de vida. A palavra vacuidade não deveria nos assustar. É uma palavra magnífica. Ser vazio não significa ser não-existente. Se a folha de papel não fosse vazia, como poderiam os raios do sol, o lenhador e a floresta vir dentro dela? Como poderia ela ser uma folha de papel? A xícara, para poder estar vazia, precisa estar lá. Forma, sentimentos, percepções, formações mentais e consciência, para poderem ser vazios de um 'self' separado, têm de estar lá.

A vacuidade é a base de todas as coisas. Graças à vacuidade, tudo é possível. Esta é uma declaração feita por Nagarjuna, o filósofo budista do segundo século. A vacuidade é realmente um conceito bastante otimista. Se eu não for vazio, eu não posso estar aqui. E se você não for vazio, você não pode estar aí. Porque você está aí, eu posso estar aqui. Este é o verdadeiro significado da vacuidade. A forma não tem uma existência separada. Avalokita quer que nós compreendamos este ponto.

Se não formos vazios, nos tornamos um bloco de matéria. Não podemos respirar, não podemos pensar. Estar vazio significa estar vivo, inspirar e expirar. Não podemos estar vivos se não formos vazios. Vacuidade é impermanência, é mudança. Nós não deveríamos reclamar da impermanência, porque sem ela nada é possível.

fonte: "O coração da compreensão", Ed. Bodigaya, 2000, p. 29-31

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