Por fim, chegamos à conclusão de que forma é apenas forma e o vazio é apenas vazio, o que foi descrito no sutra como a visão de que a forma não é mais do que vazio, que o vazio não é mais do que forma - são inseparáveis. Vemos que a busca da beleza ou do significado filosófico da vida é apenas um modo de justificarmos, dizendo que as coisas não são tão más quanto supomos que sejam. As coisas são tão más quanto supomos que sejam! A forma é forma, o vazio é vazio, as coisas são exatamente o que são e não precisamos vê-las à luz de qualquer raciocínio mais profundo. Finalmente, descemos à terra, vemos as coisas tais como são. Isso não significa ter uma inspirada visão mística com arcanjos, querubins e músicas suaves. As coisas são vistas como elas são, em suas próprias características. Nesse caso, portanto, shunyata é a ausência total de conceitos ou véus de qualquer espécie, a ausência até da conceituação de que "a forma é vazia" e de que "o vazio é forma". É uma questão de ver o mundo de modo direto, sem aspirar "maior" consciência, significação ou profundidade. É perceber as coisas de maneira direta e literalmente, como elas são por si mesmas.
fonte: "Além do materialismo espiritual", Ed. Lúcida Letra, 2016.
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