16 de abril de 2019

Chögyam Trungpa Rinpoche - A compaixão é a atitude final da riqueza

Compaixão nada tem a ver com conquistar algo. É espaçosa e muito generosa. Quando uma pessoa manifesta a verdadeira compaixão, não sabe se está sendo generosa com os outros ou consigo mesma, porque a compaixão é uma generosidade ambiental, sem direção, sem "para mim" e sem "para eles". É cheia de alegria, de uma alegria que existe espontaneamente, uma alegria constante no sentido de confiança, no sentido de que essa alegria contém uma enorme riqueza, um tesouro.

Poderíamos dizer que a compaixão é a atitude final da riqueza: uma atitude contra a pobreza, uma guerra declarada à escassez. Contém toda a sorte de qualidades heroicas, atraentes, positivas, visionárias, expansivas. E implica reflexão em ampla escala, um modo mais livre e expansivo de relacionar-se consigo mesmo e com o mundo. É precisamente por isso que ao segundo yana se dá o nome de "Mahayana", o "grande veículo". Seria a atitude de quem já nasceu fundamentalmente rico e não daquele que ainda precisa enriquecer. Sem esse tipo de confiança, a meditação não pode, de modo algum, ser transformada em ação.

A compaixão convida automaticamente ao relacionamento com as pessoas, porque elas já não significam um desgaste de energia para você. Elas recarregam sua energia, uma vez que, no processo de relacionar-se com elas, você reconhece a sua riqueza, o seu tesouro. Nessas circunstâncias, se há tarefas difíceis para cumprir, tais como lidar com pessoas ou situações da vida, você não se sentirá como se lhe faltassem recursos. Toda vez que você encara uma tarefa difícil, ela se apresenta como uma ótima oportunidade para demonstrar sua riqueza, seus recursos. Não há nenhum sentimento de pobreza nesse modo de vida.

fonte: "Além do materialismo espiritual", Ed. Lúcida Letra, 2016, p. 120-121.

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