A VIRTUDE
Existem dois níveis de prática. O primeiro estabelece o fundamento, um desenvolvimento de preceitos, de virtude ou de moralidade, para proporcionar felicidade, conforto e harmonia a todas as pessoas. O segundo, mais intenso e despreocupado com conforto, é a prática do Buda Dharma, voltado inteiramente ao despertar e direcionado à liberação do coração. Essa liberação é a fonte de sabedoria e da compaixão e o verdadeiro objetivo dos ensinamentos de Buda. O entendimento desses dois níveis constitui a base da verdadeira prática.
Virtude e moralidade são o pai e a mãe do Dharma que cresce dentro de nós, desde que provido de orientação e de alimentos adequados.
A virtude é a base de um mundo harmonioso, onde as pessoas podem viver como verdadeiros seres humanos, não como animais. O desenvolvimento da virtude constitui a essência de nossa prática. É muito simples. Siga os preceitos do treinamento. Não mate, não minta, não cometa aberrações sexuais, não tome drogas que o deixem indefeso. Cultive a compaixão e o respeito por toda a forma de vida. Cuidado com os bens, com as posses, com as suas ações, com as suas palavras. Sirva-se da virtude para tornar a sua vida simples e pura. Tendo a virtude como base de tudo o que fizer, a sua mente se tornará bondosa, límpida e quieta. A meditação medrará [crescerá, prosperará] facilmente nesse solo.
Buda disse: "Abstenha-se do que é mau, faça o bem e purifique o coração." Nossa prática, então, consiste em livrar-nos do que não tem valor e conservar o que é valioso. Você guarda ainda, em seu coração, algo mau ou não recomendável? Claro que sim! Então, por que não limpar a casa?
Na verdadeira prática, livrar-se do mal e cultivar o bem é correto, mas limitado. Precisamos, afinal, dar um salto para a frente e superar o bem e o mal. Chegaremos a uma liberdade que inclui tudo e a uma absoluta ausência de desejo, de onde o amor e a sabedoria fluem naturalmente.
O reto esforço e a reta virtude não são uma questão de como você se comporta aparentemente, mas de constante percepção e de contenção intensa. Assim, a caridade, se praticada com boas intenções, pode trazer felicidade a você e aos outros. Mas é preciso que, na raiz dessa caridade e para que ela seja pura, haja virtude.
Quando aqueles que não entendem o Dharma agem erradamente, olham à direita e à esquerda, a fim de ser certificarem de quem ninguém os está observando. Que tolice! Buda, o Dharma, o nosso karma, estão sempre vigiando. Você acha que Buda não enxerga longe? Nós não conseguimos escapar de nada!
Cuide da sua virtude como um jardineiro cuida de suas árvores. Não se apegue às grandes, às pequenas, às importantes, às insignificantes. Algumas pessoas querem simplificar. Elas dizem: "Vamos pular a concentração e ir diretamente para a percepção intuitiva; esqueçamos a virtude e comecemos pela concentração." O nosso apego nos fornece tantas desculpas...
Precisamos começar no ponto exato em que estamos, direta e simplesmente. Quando as duas primeiras etapas referentes à virtude e à reta visão estiverem cumpridas, então a terceira etapa, referente à libertação dos defeitos, ocorrerá naturalmente, sem maiores deliberações. Quando se faz a luz, não nos preocupamos mais com as trevas, nem nos preocupamos com o rumo que tomou a escuridão. Sabemos simplesmente que há luz.
Seguir os preceitos obedece, pois, a três níveis. O primeiro consiste em cumpri-los como regras de treinamento, dadas a nós pelos nossos mestres. O segundo nível ocorre quando assumimos e vivemos segundo essas regras, de livre e espontânea vontade. Mas para aqueles situados no plano mais elevado - os Nobres - não é necessário pensar em preceitos, no que é certo ou errado. Essa virtude verdadeira emana da sabedoria que entende profundamente as Quatro Nobres Verdades e age de acordo com esse entendimento.
Existem dois níveis de prática. O primeiro estabelece o fundamento, um desenvolvimento de preceitos, de virtude ou de moralidade, para proporcionar felicidade, conforto e harmonia a todas as pessoas. O segundo, mais intenso e despreocupado com conforto, é a prática do Buda Dharma, voltado inteiramente ao despertar e direcionado à liberação do coração. Essa liberação é a fonte de sabedoria e da compaixão e o verdadeiro objetivo dos ensinamentos de Buda. O entendimento desses dois níveis constitui a base da verdadeira prática.
Virtude e moralidade são o pai e a mãe do Dharma que cresce dentro de nós, desde que provido de orientação e de alimentos adequados.
A virtude é a base de um mundo harmonioso, onde as pessoas podem viver como verdadeiros seres humanos, não como animais. O desenvolvimento da virtude constitui a essência de nossa prática. É muito simples. Siga os preceitos do treinamento. Não mate, não minta, não cometa aberrações sexuais, não tome drogas que o deixem indefeso. Cultive a compaixão e o respeito por toda a forma de vida. Cuidado com os bens, com as posses, com as suas ações, com as suas palavras. Sirva-se da virtude para tornar a sua vida simples e pura. Tendo a virtude como base de tudo o que fizer, a sua mente se tornará bondosa, límpida e quieta. A meditação medrará [crescerá, prosperará] facilmente nesse solo.
Buda disse: "Abstenha-se do que é mau, faça o bem e purifique o coração." Nossa prática, então, consiste em livrar-nos do que não tem valor e conservar o que é valioso. Você guarda ainda, em seu coração, algo mau ou não recomendável? Claro que sim! Então, por que não limpar a casa?
Na verdadeira prática, livrar-se do mal e cultivar o bem é correto, mas limitado. Precisamos, afinal, dar um salto para a frente e superar o bem e o mal. Chegaremos a uma liberdade que inclui tudo e a uma absoluta ausência de desejo, de onde o amor e a sabedoria fluem naturalmente.
O reto esforço e a reta virtude não são uma questão de como você se comporta aparentemente, mas de constante percepção e de contenção intensa. Assim, a caridade, se praticada com boas intenções, pode trazer felicidade a você e aos outros. Mas é preciso que, na raiz dessa caridade e para que ela seja pura, haja virtude.
Quando aqueles que não entendem o Dharma agem erradamente, olham à direita e à esquerda, a fim de ser certificarem de quem ninguém os está observando. Que tolice! Buda, o Dharma, o nosso karma, estão sempre vigiando. Você acha que Buda não enxerga longe? Nós não conseguimos escapar de nada!
Cuide da sua virtude como um jardineiro cuida de suas árvores. Não se apegue às grandes, às pequenas, às importantes, às insignificantes. Algumas pessoas querem simplificar. Elas dizem: "Vamos pular a concentração e ir diretamente para a percepção intuitiva; esqueçamos a virtude e comecemos pela concentração." O nosso apego nos fornece tantas desculpas...
Precisamos começar no ponto exato em que estamos, direta e simplesmente. Quando as duas primeiras etapas referentes à virtude e à reta visão estiverem cumpridas, então a terceira etapa, referente à libertação dos defeitos, ocorrerá naturalmente, sem maiores deliberações. Quando se faz a luz, não nos preocupamos mais com as trevas, nem nos preocupamos com o rumo que tomou a escuridão. Sabemos simplesmente que há luz.
Seguir os preceitos obedece, pois, a três níveis. O primeiro consiste em cumpri-los como regras de treinamento, dadas a nós pelos nossos mestres. O segundo nível ocorre quando assumimos e vivemos segundo essas regras, de livre e espontânea vontade. Mas para aqueles situados no plano mais elevado - os Nobres - não é necessário pensar em preceitos, no que é certo ou errado. Essa virtude verdadeira emana da sabedoria que entende profundamente as Quatro Nobres Verdades e age de acordo com esse entendimento.
fonte: "Uma Tranquila Lagoa na Floresta - Meditações de Achaan Chah", organizado por Jack Kornfield e Paul Breiter, Ed. Pensamento, 1994.
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